Causado por um cigarro aceso jogado na lata de lixo de um dos banheiros, um incêndio provocou a aterrissagem forçada e a morte de 122 pessoas das 134 que viajavam num Boeing da Varig. A bordo do avião, que estava prestes a pousar na pista do aeroporto de Orly, em Paris, encontravam-se o então Senador Filinto Muller, a atriz Regina Lecléry e o cantor Agostinho dos Santos.
Doze dos 17 tripulantes conseguiram se salvar da tragédia: quando o fogo começou a se espalhar pelo interior da aeronave, a tripulação trancou-se na cabine de comando, que enviava sinais de emergência para a torre de controle. Graças à habilidade do piloto, o Boeing conseguiu pousar numa plantação de cebolas a quatro quilômetros da pista de pouso, desviando-se de áreas populosas da cidade e, evitando uma catástrofe pior. Uma pessoa morreu com a queda, os outros não resistiram ao fogo ou à fumaça.
Segundo os peritos, a manobra foi perfeita. Com fogo a bordo, a aeronave tocou o solo de barriga e se arrastou por cerca de 800 metros, e só então o incêndio envolveu completamente a parte central da fuselagem. Se tivesse permanecido pouco mais de um minuto no ar, o Boeing teria conseguido aterrissar a salvo na pista, com os passageiros vivos.
A notícia da tragédia chegou voando ao Brasil. O presidente Médici decretou luto oficial de três dias pelo falecimento de FIlinto Muller, que na época era também presidente do Congresso Nacional e da Arena. Filinto, militar, participante da política brasileira durante todas as suas ditaduras, atuou no Movimento Tenentista, principalmente na Coluna Prestes (1925), e foi Chefe de Polícia do governo Getúlio Vargas (período no qual foi um do grandes torturadores do regime, tendo participado da captura de Luís Carlos Prestes e, supostamente, na deportação de Olga Benário) antes de se juntar aos militares que tomaram o poder no Golpe de 64.
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