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VARIG 2

Curtiss Comando C46
Já um mês após sua fundação, pelo Decreto Federal nº 17832, de 10 de junho de 1927, a Varig recebia permissão oficial para estabelecer tráfego aéreo em território nacional, "sem privilégio de espécie alguma nem ônus para a União." A Varig adquiriu em seguida o hidroavião "Atlântico", bimotor para 9 passageiros, da Condor-Syndikat, empresa mercantil alemã dedicada à venda de material aeronáutico na área das Caraíbas e América do Sul. O Dornier-Wal "Atlântico", que já realizara diversos vôos de demonstração mesmo antes da constituição da Varig, foi então inscrito à Folha 1 do Livro nº 1 do Registro Aeronáutico Brasileiro, entrando a operar no que foi a primeira linha aérea regular brasileira, a famosa "Linha da Lagoa", ligando Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande por sobre o rio Guaíba e a Lagoa dos Patos, num percurso de 270 km. No início, todos os pilotos eram alemães.
Douglas DC3
Os primeiros aviões terrestres da companhia passaram a trafegar em abril de 1932. Eram dois Junkers F-13 para cinco passgeiros, e um Junkers A-50, seguidos mais tarde por um Messerschmidt, um Dragon Rapid DeHavilland, um Fiat e um Junkers JU-52 de 20 lugares. Decolando e aterrissando em rústicos campos de pouso, esses aviões atiraram-se à conquista de regiões que jamais tinham visto um pássaro metálico. As primeiras cidades escaladas foram as da fronteira com o Uruguai: Bagé, Livramento e Uruguaiana, além de Pelotas e Rio Grande. Sucessivamente Santa Cruz, Cruz Alta, Santa Maria, Torres e outros centros urbanos gaúchos foram sendo incluídos nas rotas da Varig. Já em 1936 o seu transporte de passageiros, correios e cargas era de tal porte que a Varig estabelecia a primeira linha aérea diária no Brasil, entre Porto Alegre e Pelotas.
Em 1937 foi criada a VAE - Varig Aero Esporte - visando promover entre seus filiados o gosto pelo aeromodelismo e pela aeronáutica, e de maneira especial o vôo em planadores, desenvolvendo assim as vocações aviatórias e preparando os futuros pilotos civis. Em 1951, foi criada a EVAER - Escola Varig de Aeronáutica - destinada à formação de pilotos comerciais e mecânicos de manutenção. Foi a primeira do gênero no país, devidamente reconhecida pelo Ministério da Aeronáutica.
Convair 240
Nos seus quinze primeiros anos de existência, a Varig serviu apenas o seu Estado natal do Rio Grande do Sul. Em 1942 é que estabeleceu sua primeira linha para o exterior do Estado, demandando Montevidéu. A partir de 1946, começou a expandir-se para o norte do país, atingindo a capital federal na época, Rio de Janeiro, com escalas em Florianópolis, Curitiba e São Paulo. Já então o equipamento de vôo da empresa foi enriquecido com a aquisiçaõ de aviões Douglas DC-3 e Curtiss-Comando C-46. A Varig popularizou a seguir o transporte aéreo com os seus aviões denominados "mistos", nos quais a maior concentração de poltronas permitiu o barateamento das passagens.
Douglas DC-6 B
Em 1950 e 1951, a Varig passou a servir também o interior dos Estados de Santa Catarina e Paraná, levando o transporte aéreo a zonas ainda pobres de meios de comunicações. Em 1952 estendeu seu raio de ação ao nordeste brasileiro, servindo aos Estados de Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, e, três anos depois mais os Estados de Ceará, Maranhão e Pará. Ainda em 1952, sua linha sul atingia Buenos Aires, servindo assim às duas capitais do Prata. Em 1954, a companhia modernizava sua frota com cinco aviões "Convair", que, desenvolvendo 480 km horários, permitiram ligações rápidas e diretas entre as grandes capitais do litoral brasileiro e do Prata.
Electra II
Amplamente estruturada no seu desenvolvimento técnico e comercial, a Varig inaugurou em julho de 1955 a sua linha internacional entre as três Américas, ligando Nova York ao Rio de Janeiro, com escalas em Ciudad Trujillo, República Dominicana e Belém do Pará, e continuando ao sul até Buenos Aires. Os aviões Super Constellation, empregados nessa linha, foram escolhidos depois de acurados estudos, tendo em vista a rota a que se destinavam. A excepcional potência, sua excelente velocidade de cruzeiro, e especialmente a extraordinária autonomia de vôo, além de suas confortáveis instalações internas, decidiram a empresa a favor desse quadrimotor.
Caravelle
Em princípios de 1958, com a encomenda de três novas aeronaves da Lockheed, na versão Super Constellation Intercontinental, novos serviços e novas rotas foram oferecidos ao público. A linha internacional para os Estados Unidos passou a ser feita com maior frequência, tendo a Varig inaugurado uma segunda rota para Nova York, desta vez escalando em Port-of-Spain, Trinidad. Esta nova rota possibilitou vôos com uma só escala entre o Rio e Nova York.
Convair 990
Em setembro de 1958, a Varig, sempre com iniciativas que a caracterizaram como a "Pioneira" nos transportes aéreos do continente, lançou o primeiro serviço doméstico com Super Constellation de Luxo para o norte do país. Com a chegada do primeiro Caravelle, a Varig ingressou na era do jato em meados de 1959 e, posteriormente, em agosto de 1960, começou a empresa a operar com o Boeing 707 na linha internacional, possibilitando vôos sem escalas entre Rio e Nova York em aproximadamente 9,30 horas.
Boeing 707
Mais tarde, os jatos Caravelle foram substituídos pelos quadri-reatores Boeing 707 com turbinas Rolls-Royce. Já com seu conceito firmado no cenário mundial do transporte aéreo, a posição da Varig como empresa internacional recebeu novo impulso em 1961, com a incorporação do Consórcio Real-Aerovias, o que lhe abriu uma rota para o Pacífico até Los Angeles, com escalas em Lima, Bogotá e México, e uma linha para Miami, passando pela América do Sul, banhada pelo Atlântico e as Caraíbas. Quadruplicou, assim, a Varig, sua quilometragem internacional, dobrou as rotas domésticas e recebeu encargos de uma vasta rede deficitária e subdividida, com mais de 6.500 empregados e uma frota heterogênea de aviões.

Mas, em pouco tempo, graças à sua sólida estrutura, a firmeza de sua administração e a colaboração de seus funcionários, a Varig refazia-se das dificuldades, normalizando sua atividade. A esta altura, sua frota era acrescida de três aviões Coronado (Convair 990-A), adquiridos como parte do acervo da Real. Em 1965, quando a Panair cessou suas atividades, o governo brasileiro, zelando pelos interesses do país no exterior, atribuiu à Varig a responsabilidade de executar os serviços daquela empresa, com aviso prévio de apenas oito horas, nas rotas por ela servidas, na Europa.

A Varig passou, então, a operar com os jatos Boeig 727 e, posteriormente, entraram em operação os Boeing 737 nas linhas domésticas. Em 1974, foram adquiridos os "widebody" McDonnell Douglas DC-10. A McDonnell Douglas era uma fabricante de aviões norte-americana, resultante da fusão da McDonnell e da Douglas em 28 de abril de 1968. O McDonnell Douglas DC-10 foi um trijato widebody comercial, que foi desenvolvido e fabricado pela McDonnell Douglas, como sucessor do McDonnell Douglas DC-8.

A partir de 1974, simultaneamente com a aquisição dos DC-10 pela Varig, as empresas aéreas estrangeiras obtiveram permissão do governo brasileiro para a utilização de seus "widebodies" nas rotas para o Brasil. A Pan Am e a Air France passaram a operar com seus 747-100 novinhos em folha. Logo depois, vieram a Aerolineas Argentinas, TAP, Royal Air Maroc, Braniff. Numa segunda leva, a Lufthansa, KLM, Swissair, British Airways, Korean, JAL, Alitalia, South African e United, para citar apenas as principais.

Mas o 747 deu o ar de sua graça voando nas cores da Varig, que recebeu três série 200 em janeiro de 1981. Depois, em 1986 recebeu seus dois primeiros 747-300 Combi, matriculados VNH e VNI e, em 1987, arrendou da South African Airways, por um breve período o PP-VNW, outro série 200. Em seguida, em 1988, foram mais três 747-300 (full-pax), matriculados PP-VOA, VOB, VOC. Em 1991, chegaram três Boeings 747-400 arrendados, (VPG, VPH, VPI) que operaram até 1994, sendo devolvidos aos arrendadores.

Um comentário:

  1. Conhecer a História e sempre bom. Valeu por compartilhar seu conhecimento.

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