MAGAZINE SOUJAR

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Pouso Forçado

Aquela manhã do dia 3 de agosto de 1971 foi diferente de todas as outras manhãs vividas pelos gaúchos da Capital. Apreensão, medo, suspense, lágrimas e, principalmente, expectativa foram emoções sentidas pela população por mais de seis horas. O repórter Otálio Camargo ligou do Aeroporto Salgado Filho para informar a redação de ZH e a Rádio Gaúcha que o avião Avro da Varig, prefixo PP-VDV – que decolara às 7h30min de Porto Alegre para Bagé e Livramento, com 14 passageiros e quatro tripulantes –, tinha problemas e estava retornando para tentar um pouso de emergência.
Logo após a subida, o comandante, ao recolher o trem de pouso dianteiro, foi alertado pela luz vermelha do painel da aeronave: algo não ia bem. Tentou mais uma vez, e nada. Voltar, pousando sem as rodas do nariz do aparelho, era o que restava. Ele avisou a torre de controle: sobrevoaria a cidade até consumir todo o combustível, para aumentar a segurança, e tentaria a aterrizagem por volta das 13h. O serviço de radioescuta da Gaúcha colocou no ar os diálogos do comandante Paulo Survilla (então com 33 anos) com a torre.
A cada hora, aumentava mais a tensão e a presença de bombeiros, ambulâncias, jornalistas, parentes e populares dentro e fora da estação de passageiros.

Fotos: Lamas e Nagassawa, BD, 3/8/1971
Lá pelas tantas, o avião apareceu no céu e iniciou a aproximação: “Porto Alegre… O delta vitor está dentro da dois oito…”
As rodas das asas, devidamente abaixadas, tocaram suavemente o solo. Enquanto deslizava, o avião levantou a cauda e começou a raspar a fuselagem dianteira no chão, sulcando a pista. Foi parando aos poucos.
O silêncio deu lugar a gritos de alegria e salvas de palmas ao comandante herói.

O comandante Paulo Survilla

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