Analistas veem movimento de companhia nacional para compra da aérea europeia
Operadores do mercado financeiro dão como certo que a Gol, controlada pela família Constantino, negocia uma possível compra da estatal portuguesa TAP. A operação seria fechada em parceria com fundos de investimentos. Para a aérea brasileira, o negócio representaria um salto e tanto, já que permitiria à empresa expandir suas rotas internacionais — atualmente restritas a 12 destinos na América do Sul — e entrar com tudo na Europa. Além disso, a operação pode acirrar a concorrência com a LaTam, companhia resultante da fusão entre a TAM e a chilena LAN.
Se for efetivada, a frota da Gol subirá das atuais 112 para 183 aeronaves — aproximando-se dos 229 aviões de sua maior concorrente.
A família Constantino estaria tratando da fusão desde outubro de 2010, mês em que o governo português anunciou o interesse em concluir a venda da TAP até março deste ano. Mas ontem, diante do temor de um aumento do endividamento da Gol, as ações PN da empresa negociadas em bolsa caíram 1,28%.
Demetrius Lucindo, economista da corretora Prosper, considera bem fundamentadas as informações sobre o negócio. “Todos os indícios levam a crer que realmente existe o interesse da Gol pela TAP. Além disso, os dois países têm um histórico de grandes transações, como a da Oi com a Portugal Telecom”, sugeriu.
Já André Castellini, sócio da consultoria Bain & Company, faz uma análise mais cautelosa da operação. “Caso seja efetivado o negócio, o benefício para a Gol é questionável. As estratégias das duas empresas são completamente
diferentes e a Gol já deixou claro que tem outras prioridades. Tradicionalmente, a empresa brasileira prefere atuar em parcerias. Investir em uma estatal estrangeira é algo muito distante do modelo de negócios deles”, avaliou.
Rivais
Há quem defenda que a compra da TAP representaria uma mudança radical na forma de atuação da Gol. Há anos, a companhia perdeu a bandeira do baixo custo para concorrentes de menor porte e, desde então, não conseguiu retomar a posição que a marca já teve no mercado. A Gol enfrenta a perda de participação interna e não tem escala para concorrer nas rotas internacionais.
Dados da Agência Nacional de Aviação Civil mostram que a liderança do setor, em 2010, foi da TAM, com 42,81% de participação no mercado doméstico. A Gol ficou em segundo lugar, com uma fatia de 39,51%. Enquanto as duas maiores companhias do país registraram crescimento anual de 16,31% e 16,99%, respectivamente, a Azul, por exemplo, contabilizou um incremento de 103,53% na demanda. No mesmo período, a Trip cresceu 82,64%; a Webjet, 64,10% e a Avianca, 27,05%.
Procuradas pela reportagem, Gol e TAP não confirmaram o negócio, mas também não o negaram. Em resposta a um questionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa brasileira informou aos investidores que não possui qualquer fato relevante a divulgar em relação às notícias que circulam sobre a compra da TAP e que “não está ciente das atividades de investimento porventura consideradas e/ou efetuadas por seus acionistas”.
Tendência mundial
As fusões de empresas aéreas se tornaram comuns no âmbito internacional. Os casos mais recentes dos últimos anos envolveram acordos entre United Airlines e Continental, Iberia e British, além de TAM e LAN. Essa tendência reflete um processo natural de consolidação do setor no mundo. Todas as operações, contudo, são monitoradas de perto pelos órgãos de defesa da concorrência, sempre atentos a prejuízos aos passageiros.
Fonte: Correio Braziliense - 04/02/2011
Operadores do mercado financeiro dão como certo que a Gol, controlada pela família Constantino, negocia uma possível compra da estatal portuguesa TAP. A operação seria fechada em parceria com fundos de investimentos. Para a aérea brasileira, o negócio representaria um salto e tanto, já que permitiria à empresa expandir suas rotas internacionais — atualmente restritas a 12 destinos na América do Sul — e entrar com tudo na Europa. Além disso, a operação pode acirrar a concorrência com a LaTam, companhia resultante da fusão entre a TAM e a chilena LAN.
Se for efetivada, a frota da Gol subirá das atuais 112 para 183 aeronaves — aproximando-se dos 229 aviões de sua maior concorrente.
A família Constantino estaria tratando da fusão desde outubro de 2010, mês em que o governo português anunciou o interesse em concluir a venda da TAP até março deste ano. Mas ontem, diante do temor de um aumento do endividamento da Gol, as ações PN da empresa negociadas em bolsa caíram 1,28%.
Demetrius Lucindo, economista da corretora Prosper, considera bem fundamentadas as informações sobre o negócio. “Todos os indícios levam a crer que realmente existe o interesse da Gol pela TAP. Além disso, os dois países têm um histórico de grandes transações, como a da Oi com a Portugal Telecom”, sugeriu.
Já André Castellini, sócio da consultoria Bain & Company, faz uma análise mais cautelosa da operação. “Caso seja efetivado o negócio, o benefício para a Gol é questionável. As estratégias das duas empresas são completamente
diferentes e a Gol já deixou claro que tem outras prioridades. Tradicionalmente, a empresa brasileira prefere atuar em parcerias. Investir em uma estatal estrangeira é algo muito distante do modelo de negócios deles”, avaliou.
Rivais
Há quem defenda que a compra da TAP representaria uma mudança radical na forma de atuação da Gol. Há anos, a companhia perdeu a bandeira do baixo custo para concorrentes de menor porte e, desde então, não conseguiu retomar a posição que a marca já teve no mercado. A Gol enfrenta a perda de participação interna e não tem escala para concorrer nas rotas internacionais.
Dados da Agência Nacional de Aviação Civil mostram que a liderança do setor, em 2010, foi da TAM, com 42,81% de participação no mercado doméstico. A Gol ficou em segundo lugar, com uma fatia de 39,51%. Enquanto as duas maiores companhias do país registraram crescimento anual de 16,31% e 16,99%, respectivamente, a Azul, por exemplo, contabilizou um incremento de 103,53% na demanda. No mesmo período, a Trip cresceu 82,64%; a Webjet, 64,10% e a Avianca, 27,05%.
Procuradas pela reportagem, Gol e TAP não confirmaram o negócio, mas também não o negaram. Em resposta a um questionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa brasileira informou aos investidores que não possui qualquer fato relevante a divulgar em relação às notícias que circulam sobre a compra da TAP e que “não está ciente das atividades de investimento porventura consideradas e/ou efetuadas por seus acionistas”.
Tendência mundial
As fusões de empresas aéreas se tornaram comuns no âmbito internacional. Os casos mais recentes dos últimos anos envolveram acordos entre United Airlines e Continental, Iberia e British, além de TAM e LAN. Essa tendência reflete um processo natural de consolidação do setor no mundo. Todas as operações, contudo, são monitoradas de perto pelos órgãos de defesa da concorrência, sempre atentos a prejuízos aos passageiros.
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