MAGAZINE SOUJAR
terça-feira, 14 de julho de 2015
domingo, 12 de julho de 2015
Boeing 737 – Sinônimo de avião
É comum alguém falar que um BOEING ou um TECO-TECO no Brasil são sinônimos de avião. Vou falar sobre o 737, o avião que é sinônimo de transporte aéreo comercial no Brasil.
Sua história no país remonta a 1969 quando a VASP converteu uma encomenda de Boeing 727-200 para 4 Boeing 737-200, o que viria s ser a entrada definitiva na era “a jato” da estatal paulista, pioneira em muitos fatos da nossa aviação. E foi assim que em 21 de Julho de 1969 com um rasante coletivo sobre Congonhas eram apresentados PP-SMA, PP-SMB, PP-SMC e PP-SMD, os primeiros Boeing 737 da América Latina. Mais tarde em 1974 a VARIG receberia suas unidades e por fim em 1975 a CRUZEIRO receberia os seus seis 737-200. A essa altura a Boeing havia desenvolvido uma versão melhorada, inclusive com “pitacos” da VASP, surgindo assim o 737-200 ADVANCED, que por marketing a VARIG/CRUZEIRO chamavam de SUPER ADVANCED, uma versão superior que nunca existiu de verdade.
A FORÇA AÉREA BRASILEIRA recebeu 2 737-200, designados VC-96, cujos slots de fabricação originalmente eram da VASP e foram repassados à FAB. A TRANSBRASIL e demais operadoras da época não tiveram o 737-200 em suas frotas.
A década de 80 entrou com a presença massiva de 727 e 737 nas rotas domésticas, até que em 1986 a VASP mais uma vez pioneira apresentou o PP-SNS, primeiro 737-300 de sua frota, seguida da TRANSBRASIL que ao receber o PT-TEA, PT-TEB e PT-TEC, designou o avião como BABY BOEING em alusão a ser o irmão menor do 767-200. As duas companhias saíam na frente das demais ao operar os 737-300.
A VASP o usou para chegar a um meio termo entre o 727-200 e o 737-200 em suas rotas, inclusive se desfazendo do primeiro tipo. A TRANSBRASIL aposentou os 727-100, substituindo-os pelos 737-300 e por fim a VARIG realizou uma grande encomenda do tipo, recebendo a partir de 1987.
Em 1989 a TRANSBRASIL seria a pioneira em trazer uma versão maior e configurada para 158 passageiros, o 737-400, cuja tripulação, manutenção e grande parte do suprimento técnico era comum ao 737-300. A VASP durante a época de expansão de 1991 trouxe 737-400 (PP-SOJ, PP-SOH, PP-SOI) e por fim a VARIG operou o tipo em duas fases, mas já depois de 2000.
Coube a RIO-SUL trazer em 1992 a menor versão do 737 CLASSIC como são conhecidos os -300, -400 e -500, assim o PT-SLN foi o primeiro 737-500 do país e foi um tipo bem comum. Em 1998 a VARIG recebeu a primeira unidade do 737NG, mais precisamente um 737-700 matriculado PP-VQA. Com o surgimento da GOL em 2001 uma frota de 737NG se fez presente no país, e um detalhe: lembram do SMA, SMB, SMC, SMD? Pois bem, os três primeiros seguiam em atividade pela VASP, bem como parte dos 737-200 da VARIG/CRUZEIRO, competindo diretamente com os NG.
A família NG se destacou no país, se tornando sinônimo daGOL
, que foi e ainda é sua maior operadora. A VARIG introduziu em 2001 os 737-800 com winglets, os primeiros a aparecerem no país. Enquanto isso, outros operadores nacionais do avião mais vendido da Boeing iam surgindo, como TAF (737-200 de carga e pax), RICO (737-200 de paxs), ATA BRASIL (737-200 misto), BRA (737-300 e -400 de passageiros) eWEBJET
(737-300 de passageiros).
A Nordeste já sob gestão da RIO-SUL operou os 737-500 em suas rotas. Com o fim daB.R.A, os 737-300 foram operados em curto tempo pela OceanAir, além de uma unidade operada pela PUMA AIR encerrando assim a lista de operadores nacionais dos 737.
Boeing 737-800GOL
Desde 1969 este tipo é o principal nas rotas domésticas de passageiros e cumpriu bem seu papel como cargueiros (VASP, VASPEX, TAF). Hoje é fácil você ver um 737 passando por aí, nas cores daGOL
ou da VARIG (A serviço da GOL). Duas unidades foram preservadas e uma terceira TEM QUE SER A QUALQUER CUSTO (assim torço): os preservados são um da FAB que está no MUSAL-RJ e o PP-SFI da VASP em Araraquara sob propriedade particular e o terceiro a ser salvo é o PP-SMA abandonado em Confins, e este ao contrário do que dizem, nunca foi desejado pela Boeing em troca de um 737 novo. Trata-se de uma mais uma destas lendas da aviação.
segunda-feira, 6 de julho de 2015
Ponte Aérea
RICARDO MEIER
![]() Electra: símbolo do auge da ponte aérea Rio-São Paulo |
Bastava a chamada para embarque acabar e os funcionários abrirem os portões para uma competição digna de atletismo começar: passageiros saíam em disparada pelas pistas de Congonhas e Santos Dumont em busca dos melhores lugares no Electra, o mais famoso avião que operou na Ponte Aérea Rio-São Paulo.
É verdade, nem todos corriam, mas havia quem disputasse um lugar no conhecido lounge, uma espécie de saleta no fundo do turboélice que era o local ideal para executivos viajarem em fim de expediente na volta para sua cidade de origem.
Hoje, a ligação entre as duas mais importantes cidades do Brasil não lembra nem de longe esse período tão peculiar. Se por um lado não existia ainda o assento marcado na rota, por outro os passageiros desfrutavam de um serviço de bordo elogiado com direito a itens sofisticados como champanhe e uísque – bem diferente das barrinhas de cereais e água dos voos atuais.
Foi a época do Electra II, um turboélice quadrimotor de som inconfundível que dominou a ponte durante 16 anos até ser aposentado em 1992.
De competição a reserva de mercado
Os voos entre o Rio de Janeiro e São Paulo começaram nos primórdios da aviação comercial brasileira, e se intensificaram após a Segunda Guerra, quando a oferta de aviões era grande e barata.
De uma cobertura de voo um tanto caótica, a ligação se transformou na conhecida ‘Ponte Aérea’ apenas em 1959, de forma improvisada quando os gerentes das companhias Varig, Vasp e Cruzeiro decidiram coordenar seus voos entre os aeroportos de forma a não se sobreporem e perderem passageiros para a companhia aérea mais agressiva da época, a Real Aerovias.
Veja mais: A era de ouro da aviação
![]() |
Informalmente, as três companhias deixaram de exigir endossos nas passagens e, com isso, ficou fácil para o passageiro embarcar em qualquer um dos voos delas. Não demorou para que a direção de Varig, Vasp e Cruzeiro adotassem a prática de forma oficial.
O termo ‘Ponte aérea’ teria surgido de ninguém menos que Rubem Berta, na época presidente da Varig, e fazia menção aos voos de suprimentos dos países de Ocidente para manter Berlim, na Alemanha, capaz de sobreviver ao bloqueio comunista.
Com a incorporação da Real pela Varig, aos poucos, o serviço foi ganhando mais padrão, sobretudo quando a Panair e a Sadia (futura Transbrasil) entraram para o pool de empresas.
Despedida do Electra da Varig
![]() (Vídeo institucional da Varig resgatado pela Revista Flap) |
No início, os voos eram realizados por uma variedade enorme de aviões, de modelos a pistão de pequeno porte e grande porte a turboélices de origens diversas. Aos poucos, no entanto, a Ponte Aérea foi se consolidando, dominada pela Varig, que em 1975 assumiu a Cruzeiro (dez antes já havia levado de brinde a Panair).
Nesse mesmo ano, o DAC decidiu obrigar o uso de turboélices no trecho, o que limitou o serviço ao Electra e ao ‘Samurai’, um aparelho de origem japonesa. Meses depois, um acidente com esse avião antecipou sua aposentadoria na ponte e o Electra, que havia estreado no trecho em 1962, passava a ser o único avião usado na rota.
Veja mais: Saudade dos aviões da Panair
![]() Electra era capaz de levar 90 passageiros com conforto para os padrões da época |
Demanda em alta
Na década 70, amparada no apoio do governo militar, a Varig mantinha uma reserva de mercado, sobretudo nos voos internacionais, proibidos a qualquer outra companhia. Com a ponte-aérea, a situação era próxima disso. Com a junção de outras empresas, a companhia do Rio Grande do Sul chegou a acumular 71% dos voos entre o Rio e São Paulo – Vasp e Transbrasil dividiam o resto.
Os aviões Electra, que chegaram a uma frota de 14 aeronaves, também eram da Varig enquanto a estrutura de atendimento e outros serviços divididos proporcionalmente entre os três membros do clube.
A idade avançada e o crescimento dos voos no país começaram a pesar no avião, desenhado pela companhia americana Lockheed, mais conhecida pelas aeronaves militares. Na década de 80, a Boeing tentou provar que uma nova versão do jato 737 era capaz de operar no Santos Dumont, cuja pista de apenas 1.300 metros era considerada curta demais para ele.
A mudança era mais pleiteada pela Vasp e Transbrasil, que também pressionavam pela redivisão dos voos. A Varig, no entanto, relutou até onde pôde, mas no início da década de 1990, graças a uma nova tecnologia de pavimentação de pistas, tanto Santos Dumont quanto Congonhas passaram a ter condições de operar jatos.
![]() A aposentadoria em 1992, quando o Electra deu lugar ao Boeing 737-300 |
Antes disso, a então empresa regional TAM iniciava uma ofensiva que culminaria com a quebra das três grandes companhias nacionais. Em 1989, ela iniciou um serviço alternativo ao pool, batizado de Super Ponte, com turboélices Fokker F-27. Apesar de mais lentos e desconfortáveis, eles ofereciam um serviço de bordo caprichado e possibilidade de reserva de assento.
Em 1992, a era do Electra se encerrou. Vasp e Varig passaram a voar com aviões Boeing 737-300, seguidas pela Transbrasil mais tarde. A TAM (seguida pela Rio-Sul) deslocou o Fokker 100, então um jato moderno e fácil de operar, para competir no trecho.
A volta da competitividade elevou o serviço, mas vitimou as companhias mais antigas, cujas gestões eram mais engessadas e lentas. Com o tempo, Vasp, Transbrasil e, por último, a Varig deram adeus ao “filé mignon” do mercado de aviação brasileiro. Em seu lugar, a TAM e a novata Gol assumiram o protagonismo da rota mais movimentada do país, mas em vez do charme, hoje quem voa entre o Rio de Janeiro e São Paulo já não corre pela pista nem tem uma experiência tão única que virou tema de músicas e muitas histórias.
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