MAGAZINE SOUJAR

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A LENDÁRIA PINTURA DA VARIG


A LENDÁRIA PINTURA DA VARIG PERMANECEU EM ALGUMAS AERONAVES ATÉ O FINAL DOS ANOS 90. NA FOTO ACIMA O BOEING 767.341ER (PP-VOI), NO AEROPORTO DE BARAJAS (MADRI), EM 08 DE SETEMBRO DE 1995.


Na década de 70, chegaram os primeiros jatos 727-100, 737-200 e DC-10-30, que foram introduzidos nas rotas intercontinentais da empresa. Já na década de 80 recebeu seus primeiros 747-200 que primeiramente foram colocados nas rotas para Nova Iorque, Los Angeles e Tóquio. A Varig foi a única companhia aérea brasileira a operar o Jumbo.
Nos anos 90 a empresa começou a adquirir novas aeronaves, como os Boeing 737-300, 767-200ER, 767-300ER e MD-11, para substituir os modelos mais antigos, como os Electras II da ponte aérea, os 727-100 e os quadrirreatores 707. Nesta época a empresa lança suas novas rotas: Orlando, Washington, Atlanta, Hong Kong e Bangcoc.

BOEING 737.800 (SÉRIE 8EHW), PREFIXO PP-VBF, FABRICADO EM 2008, AQUI FOTOGRAFADO NO AEROPORTO INTERNACIONAL DE BRASÍLIA EM 11.04.2010 (CRÉDITO FOTO: FERNANDO TOSCANO)


Entre 2005 a VARIG transportou 13.268.869 passageiros, obtendo a 2ª posição no período, no Brasil, caindo para 3º em 2006. Ainda em 2005 a empresa voou 275.484 horas em 196.263.251 quilômetros à média de 712 km/hora. A empresa, agora controlada pela GOL, cancelou, no início de 2008, suas rotas para Londres, Roma e Frankfurt e planeja, em breve, cancelar também as para Paris, Madri e Cidade do México, se concentrando seus esforços na América do Sul e rotas internas já que os vôos transcontinentais não estavam lucrativos e ainda há o risco da liberação das tarifas, o que diminuiria a margem das empresas principalmente em função com as grandes concorrentes européias (Ibéria, British Airways, Air France, Alitália, KLM, Lufthansa, TAP Air Portugal, etc).

A VARIG HOJE:

A VRG Linhas Aéreas S.A., que opera a marca VARIG, foi adquirida em abril de 2007 pela GOL Linhas Aéreas Inteligentes S.A. (GLAI), holding controladora da GOL Transportes Aéreos. Em 2008, ainda operando separadamente e apenas em rotas no Brasil e América do Sul, a empresa obteve bons números: 20 aeronaves (01 Boeing 767.300, 10 Boeing 737.800 e 09 Boeing 737.700), 164.755 horas voadas, 104.906.362 quilômetros voados - a uma velocidade média de 637 km/h, 8.717.299 passageiros transportados, 188.565.999 toneladas quilômetros de carga transportada e 103.457 voos realizados, se consolidando como a 3ª maior empresa brasileira naquele ano. Até 15 de junho de 2010 a companhia já contava com mais 03 Boeing 767.300, totalizando 23 aeronaves (04 B767.300, 01 B767200, 09 B737.800 e 09 B737.700). A GOL vem utilizando seus Boeing 767 em voos internacionais para o Caribe (veja mais detalhes sobre a VARIG no texto sobre a GOL).

O BOEING 737.800 (SÉRIE 8ASW), PREFIXO PR-VBC, ENTROU EM SERVIÇO NA EMPRESA EM 10.11.2007 - AQUI FOTOGRAFADO, EM ARACAJU (SE), EM 14.03.2010, POR FERNANDO TOSCANO (PORTAL BRASIL).

BOEING 767-300 PR-VAB DECOLANDO DE LONDRES

terça-feira, 24 de agosto de 2010

NÃO TEM MAIS SALVAÇÃO

Cláudio Magnavita




Ao decretar a falência da Viação Aérea Rio Grandense, da Rio Sul e da Nordeste Linhas Aéreas, a Justiça do Rio não escreveu o último capitulo da história que envolveu a recuperação judicial da antiga Varig e das suas duas co-irmãs. Na verdade, ao definir a morte das três empresas, acabou por tirá-la de um limbo jurídico que vinha se arrastando desde que se encerrou o prazo da recuperação judicial há um ano.



Na prática, o fim das três empresas é uma demonstração do fracasso da última versão do plano de recuperação judicial, que foi aprovado pelos credores e que deveria fazer surgir uma geração de receita. O plano foi feito de forma acordada, quando o fundo norte-americano MatlinPatterson já havia realizado um empréstimo de antecipação de recebíveis e aparecia como última chance para a companhia aérea. Ele previa a empresa remanescente voaria inicialmente com uma aeronave fretada por quem comprasse os ativos operacionais. Haveria também a geração de receita com o centro de treinamento, aluguéis dos imóveis e uso das estações de rádio.



O plano foi criado em poucos dias e se tratou de uma peça de ficção. As receitas previstas dificilmente se materializariam, mesmo que a nova empresa de fretamento tivesse uma frota de quatro aeronaves. Com uma, então, não tinha como dar certo.



O “fantástico” plano, porém era necessário para aprovação da venda da unidade operacional da velha Varig. Não haveria venda dos ativos da aérea (rotas e instalações operacionais) sem que os credores tivessem uma fórmula de recuperar seus créditos. Não houve nem tempo de analisar os números apresentados apenas na assembleia. Tudo foi feito apenas para compôr o ritual de venda.



É importante lembrar que isso ocorreu após o afastamento dos acionistas majoritários da três empresas, a FRBPar, que, por determinação expressa da Justiça do Rio, ficaram até hoje afastados da gestão dos seus patrimônios, sem direito de opinar sobre o destino das três empresas. A partir deste momento, toda a responsabilidade passou a ser judicial.



A venda dos ativos operacionais da Varig foi realizada para a empresa VarigLog, já controlada pelo fundo MatlinPatterson. Foi criada a VRG Linhas Aéreas e aí os problemas começaram.



A compradora, por ironia, a VarigLog está hoje em recuperação judicial. Foi também alvo de uma disputa societária pesada. Houve inclusive a burla do CAB (Código Aeronáutico Brasileiro), confessada nos autos do processo da disputa, com o fim de extrapolar o limite dos 20% da participação estrangeira. Fora o festival de denúncias envolvendo o advogado Roberto Teixeira, que chegou a respingar na então chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, alvo de acusação da ex-diretora da Anac, Denise Abreu. Tudo isso acabou em depoimentos no Senado.



A falência da antiga Varig, há menos de 40 dias das eleições e no momento em que um dos personagens listados na confusão, mesmo que involuntariamente, concorre à presidência da República, poderá reabrir um assunto que parecia sepultado.



Nesta ciranda de problemas e de negócios mal explicados, a VRG foi vendida depois para a Gol que herdou as responsabilidades assumidas na assembleia de vendas, entre elas, a de manter a empresa remanescente, a Flex (como foi rebatizada a Nordeste) operando.



Este foi o princípio do fim. A “boa vontade” da VRG com a Flex chegou a levar até o Sindicato dos Aeronautas a interagir e a pressionar para que o fluxo financeiro fosse mantido. A nova empresa, que era a alma do plano para pagamento dos credores, foi tratada a conta-gota. Não cresceu, não ocupou seu espaço na geração de receita em voos domésticos e de longo curso, como estava previsto no plano. A inanição foi consequência do desprezo de quem deveria lutar para manter o plano vivo. O curioso é que o lava-mãos ocorreu, por coincidência, exatamente quando foi afastado, em última instância, o risco da sucessão trabalhista da velha Varig para a VRG.



A figura dos acionistas majoritários permaneceu fora do processo todo este tempo. Só no final, quando o calendário apontava o fim da recuperação judicial, é que eles foram chamados para reassumir a empresa remanescente. Como poderiam aceitar a gestão de um espólio fadado ao colapso?



A decretação da falência das três não é um fim. Na realidade, será o principio de um embate, já que literalmente as três empresas saem de um limbo, nas quais foram colocadas com o afastamento de seus acionistas e com a própria Justiça do Rio assumindo em 100% a responsabilidade da implementação de um plano de recuperação.



A falência da três empresas é o fracasso do primeiro grande caso da lei de recuperação judicial do qual a Varig foi a cobaia. O que pode ser apontado como grande saldo positivo resume-se a negócios que foram realizados de forma tortuosas e doloridas. A venda da VEM e da VarigLog realizada pelos “notáveis”, a nova venda da própria VarigLog - burlando o código aeronáutico -, o colapso da primeira operação da VRG com a briga dos sócios brasileiros com o fundo americano, as pressões de advogados ligados ao Planalto para favorecer os compradores e, finalmente , a venda da VRG à Gol com o bloqueio judicial das ações dadas como pagamento de uma legião de trabalhadores que ficaram sem receber suas indenizações rescisórias. Uma enorme quantidade de aeronautas e aeroviários tiveram de reiniciar suas carreiras com salários aviltados e sem que se respeitasse a antiguidade para efeito de promoções e o que é mais grave: o maior credor privado do espólio da Varig, o fundo de pensão Aerus, falido e levando milhares de pessoas a viverem uma dramática velhice sem receber o que lhes era devido.



Com a falência, o Aerus passa para o fim da fila, ou seja, serão priorizadas as dívidas tributárias, as trabalhistas e só depois os credores privados. Essa etapa abre um processo doloroso de ajuste de contas e caberá a cada um dos protagonistas explicar porque o plano de recuperação não deu certo. E também questiona-se: quem será o síndico da massa falida? Como ficarão os encontros de contas das ações do ICMS e da defasagem tarifária? Não são só os acionistas afastados que esperam uma resposta, mas os milhares de associados do Aerus, que foram levados a acreditar nas promessas realizadas nas emocionantes assembleias de credores. Essas falências não assinalam o fim, mas o começo de uma história que precisa ser explicada. E muito bem explicada!



Cláudio Magnavita é presidente da Aver Editora e da Abrajet (Associação Brasileira dos Jornalistas de Turismo).

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

ADEUS VARIG

Justiça do Rio decreta falência da antiga Varig


Ativos serão vendidos para pagar mais de R$ 7 bi em dívidas. Trip deverá assumir estações de rádio

Danielle Nogueira e Clarice Spitz

A antiga Varig, que atuava sob a bandeira Flex, teve sua falência decretada pela Justiça do Rio ontem, jogando num mar de incerteza milhares de credores — muitos deles ex-funcionários da empresa — que ainda não conseguiram receber salários atrasados e indenizações trabalhistas.

A sentença, assinada pela juíza Márcia Cunha, em exercício na 1ª Vara Empresarial do Rio, foi proferida após pedido do gestor judicial da companhia, o Licks Contadores Associados, que reconheceu a incapacidade da aérea quitar suas dívidas. A empresa estava em recuperação judicial há cinco anos.

Além da antiga Varig — originada da cisão do grupo em 2006 — a sentença abrange mais duas empresas do grupo: Rio Sul Linhas Aéreas e Nordeste Linhas Aéreas, inoperantes. A nova Varig, controlada pela Gol, não será afetada pela decisão judicial. Há meses a Flex vinha dando sinais de que a falência estava próxima.

Desde o início do ano, seu único avião não voava. E a negociação das ações na Bovespa foi suspensa por atraso na divulgação dos balanços financeiros.

Todos os ativos da antiga Varig serão liquidados para pagar credores. São mais de 15 mil, incluindo ex-empregados, o fundo de pensão Aerus e bancos.

A dívida supera R$ 7 bilhões.

Entre os ativos que serão alienados está o centro de treinamento de aeronautas, na Ilha do Governador, referência mundial.

Estações de rádio operadas pela antiga Varig para orientação de pousos e decolagens de várias empresas deverão ser transferidas à Trip, única a se interessar pelo serviço. A Trip informou que “analisa o equilíbrio econômico do negócio”.

Com salários atrasados, operadores das estações já haviam ameaçado fazer greve, o que provocaria um caos aéreo.

Na sentença, a juíza atribuiu a falência a “contingências políticas e econômicas”. Segundo ela, o controle de tarifas aéreas nos anos 80 e 90 — que levou a perdas de R$ 4 bilhões à empresa — e a decisão do atual governo de não intervir na aérea foi determinante para o desfecho: — Nem governo nem empresas se interessaram em investir na Varig. Isso, aliado à má gestão da companhia no passado, foi fatal — disse Márcia Cunha.

Ação sobre congelamento de tarifas está parada no STF O comandante Miguel Dau, exgestor da antiga Varig e hoje na Azul, lembra que a ideia da recuperação judicial era dar tempo para que a ação movida pela Varig contra a União na questão do congelamento de preços fosse julgada. A empresa ganhou a disputa e aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal.

— A Flex chegou até onde pôde e de maneira brilhante, mas o governo não fez sua parte — disse Dau, acrescentando que metade dos funcionários já recebeu o que lhes era devido.

Para a secretária do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, “o sentimento é de tristeza e impotência”.

O FIO DA MEADA

Uma novela que já dura 5 anos

O grupo Varig foi o primeiro do país a pedir a recuperação judicial, em junho de 2005 — quatro meses após a promulgação da Lei de Falências. A empresa foi dividida em duas: a nova Varig, que ficou com a marca e sem dívidas, e a velha Varig, que assumiu um passivo de R$ 7 bilhões.

A nova Varig foi vendida, em 20 de julho de 2006, para sua ex-subsidiária VarigLog, que a revendeu à Gol em março de 2007. A antiga Varig, que passou a se chamar Flex em 2008, seguiu em recuperação judicial. Sem gerar receita suficiente, a aérea teve a sua falência decretada ontem.